Atenção às Crianças
Em crianças a avaliação nutricional e antropométrica são ainda mais importantes que em adultos. Há padrões de crescimento e desenvolvimento que devem ser acompanhados de perto em um ser humano de pouca idade para saber se ele está crescendo adequadamente. No entanto, devido a sua fase biológica diferente e constante transformação, muitas das ferramentas utilizadas em adultos devem ser adaptadas para servirem bem ao acompanhamento infantil, às vezes necessitando de metodologia própria. Assim, entender a anatomia infantil bem como seu processo de desenvolvimento é importante para uma boa avaliação e diagnóstico nutricional em crianças entre 2 e 5 anos de idade.
Diferente dos adultos onde, na maioria das vezes, é possível perceber sua condição de eutrófico, magro ou com sobrepeso apenas num exame visual, as crianças necessitam que suas medidas sejam tomadas a fim de mensurar e conferir se seu crescimento está de acordo com o esperado. É fácil se enganar usando apenas o olhar para determinar sua progressão de desenvolvimento, assim as medidas antropométricas, bem como as curvas padrões de equiparação são essenciais para um diagnóstico assertivo.
Conhecer a anatomia e ainda as técnicas empregadas para pegar suas medidas é sabedoria importante para lidar, atender e cuidar de crianças de 2 a 5 anos de idade. As curvas desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde servem bem a esse propósito. Com elas é possível comparar as crianças avaliadas com os padrões e acompanhar eficazmente como está o crescimento e interferir, caso necessário, precocemente sem que ocorra prejuízo por atraso na intervenção. Nesse caso, é preciso medir a estatura/comprimento, peso, cálculo IMC (índice de massa corporal) e idade da criança. Daí, com a tabela de curvas fazemos as comparações dos padrões com os dados coletados, traçando as próprias curvas da assistida, utilizando as relações peso por idade; estatura por idade; peso por estatura e; IMC por idade.
Ainda, é importante a solicitação de exames bioquímicos, a fim de complementar a avaliação no caso de suspeita de alguma deficiência nutricional. Na anamnese nutricional o cuidador da criança deve ser perguntado sobre os hábitos e frequência alimentar da criança e condições de saúde de seus familiares para saber o que pode afetá-la, seja por carga genética ou hábitos domésticos. Vale dizer que os valores de referência dos exames são diferentes dos padrões de adultos, logo ter esse conhecimento também deve ser critério para solicitar o exame bem como avalia-lo após o resultado.
Dado a imaturidade inerente à idade, crianças entre 2 e 5 anos não conseguem responder acertadamente questionários de hábitos alimentares. Logo, os cuidadores entram como importante agentes nessa fase do diagnóstico. Aqui também há a necessidade de um entrevistador treinado para que não haja respostas manipuladas capazes de interferir na avaliação. É importante ter ciência que nossa sociedade costuma oferecer alimentos diferentes dos consumidos por adultos e tais alimentos ou produtos alimentícios devem ser levados em consideração na hora da entrevista.
Conhecer sobre alimentos é a base do conhecimento do nutricionista e ficar atualizado quanto às ofertas disponíveis no mercado auxiliará numa intervenção nutricional com qualidade e capaz de produzir diferença para a criança. Daí o porquê do estudo e prática constante além de contínuo processo de atualização sobre as ofertas que prometem facilidade e praticidade familiar, mas deixam de lado a nutrição e hábitos de vida adequados que terminam por adoecer nossas crianças ou no melhor dos casos as tornam adultos compulsivos e propensos a doenças. Assim, podemos diagnosticar a condição nutricional, prescrever alimentação adequada e orientar seus cuidadores sobre bons hábitos que conduzam a criança para um crescimento sadio e satisfatório.
Dessa maneira, percebemos que crianças entre 2 e 5 anos de idade precisam de um nutricionista treinado em tomada de medidas antropométricas, conhecedor das características essenciais dessa fase infantil, inclusive bioquímicas, e das curvas padrões de avaliação de crescimento para realizar acertadamente seu diagnóstico nutricional. O acompanhamento nessa fase é importante e a capacidade profissional deve auxiliar precocemente no mais adequado desenvolvimento infantil, propiciando que as fases seguintes de sua vida não sejam atrapalhadas por escolhas equivocadas na infância.