METABOLISMO ATROFIADO
Ao estudarmos a glicólise nos deparamos com um processo complexo com várias etapas com o envolvimento de diferentes enzimas e transformações químicas. Entender tais processos e descobrir o quanto é empregado para a geração de 1 ATP (molécula carreadora de energia) permite entender o quão complicado é para nosso organismo desempenhar suas tarefas ordinárias a fim de nos manter bem e funcional. Isso levando em consideração que nosso sistema esteja pleno e saudável, sem que estejamos atuando contra seu esforço de obtenção da meta.
O processo de glicólise é a quebra da molécula de glicose no organismo para que seja utilizada como energia pelas células. Trata-se da via preferida de produção energética do ser vivo animal e única via para alguns tecidos. Temos a habilidade e possibilidade de usarmos corpos cetônicos como molécula energética, mas requer um estado e ambiente específico do corpo para que o organismo passe a fabricar e utilizar corpos cetônicos no lugar de glicose.
Aqui vale dizer que a utilização de corpos cetônicos como via energética metabólica é bem diferente de cetoacidose desencadeada em pessoas com diabetes mellitus tipo 1 mal controlada. Em alguns casos é até preferível como via menos inflamatória para o cérebro quando precisa melhorar o efeito refratário com medicamentos de manejo de epilepsia em alguns indivíduos.
Em animais a glicose é disponibilizada, em sua maioria, pela alimentação, principalmente alimentos de origem vegetal, mas também o leite. Seu maior consumo é realizado pelo cérebro, todavia todo o corpo pode utilizá-la como energia e seu excesso pode ser armazenado como ácidos graxos ou glicogênio para posterior utilização. Entretanto, nosso corpo possui a capacidade de gerar sua própria glicose a partir dos estoques de gordura ou glicogênio, ou ainda aminoácidos, o que chamamos gliconeogênese.
A gliconeogênese é uma atividade que produz novas moléculas de glicose para serem usadas pelas células na produção de energia no processo de respiração celular. Porém, para que possamos gerar nossa própria glicose devemos ter ativos hormônios que são inibidos na presença de insulina, como o glucagon que estimula o fígado a desencadear essa produção. Logo, da forma que nos alimentamos e como é indicado e prescrito por vários profissionais de saúde, nossa demanda de insulina está sempre alta e novas doses são produzidas a cada vez que comemos, hoje em dia, de três em três horas, demanda gerada principalmente devido a sermos educados a consumir pelo menos 55% de nossas calorias na forma de carboidratos em cada uma dessas refeições.
A insulina é importante para a síntese de glicogênio, mas para sua degradação é necessário que ela esteja baixa e permita a sinalização para a ação do glucagon iniciar o processo. No caso de uma ocorrência que impeça uma refeição a tempo, o organismo que dependente exclusivamente de carboidratos para extrair sua gliose fica ineficiente em prover a necessidade e pode apresentar, com frequência, mal estar, com relatos de fraqueza, letargia, desânimo, hipoglicemia e, em casos mais sérios, tonturas e perda de consciência.
Quando se trata de hormônios é necessária a adequada sinalização e boa resposta do sistema. Os hormônios respondem a sinais emitidos no organismo e não à nossa intenção. É preciso, portanto, que os sinais corretos sejam dados e isso pode ser feito com alimentação, tempo não alimentado e qualidade do alimento. Com a insulina sempre presente o corpo é sinalizado a estocar caloria e perde a capacidade de utilizar os estoques de glicogênio e gordura para manter o cérebro em pleno funcionamento. Dessa forma, apresentamos fadiga e, por consequência, necessidade de comer outra porção de carboidratos.
Outro fator importante a se considerar quando temos excesso de um hormônio atuando é a perda de sensibilidade à sua ação. Quando esse hormônio é a insulina os problemas poderão ser bem sérios, desde a impossibilidade de excretar o excesso de sódio e ácido úrico até a baixar a glicemia sanguínea, acometendo a pessoa com hipertensão, gota e diabetes mellitus tipo 2. Pois o organismo insensível continua produzindo e secretando a insulina a fim de dar conta do aumento da glicose sanguínea e saturando o corpo a ponto de se tornar tóxica e impedindo a ação de outros hormônios inibidos em sua presença.
Nesse raciocínio, parece-nos que no intuito de manter o corpo energizado acabamos por prejudicar sua eficiência. Sabemos que a glicose é o principal combustível para nosso cérebro e a via energética preferida para geração de energia para nosso organismo e, talvez por isso, erramos em obter toda a glicose necessária a partir da alimentação. Somos capacitados com a habilidade de prover a energia necessária para nos mantermos bem, inclusive pela via da glicose para os tecidos que a necessitam, mas esta habilidade parece estar dormente e nossos hábitos atuais, junto com todas as toxinas que estamos expostos, têm prejudicado nosso metabolismo nato e impedido que nosso sistema energético performe plenamente.